ProART Entrevista: Isabel Vaz - uma vida entre as cordas do violoncelo

Por Joana Patacas*, em 05 de março de 2024. 

Num mundo onde a música ecoa como expressão da alma, Isabel Vaz afirma-se com distinção no universo do violoncelo.

Violoncelista de reconhecido talento, que inspira o público através das cordas do seu violoncelo francês do início do século XX (1910), Isabel Vaz reside atualmente em Amesterdão, onde enriquece a Noord Nederlands Orkest com a sua arte. Paralelamente, partilha a sua paixão pela música de câmara como diretora artística do Algarve Music Series, um projeto que criou juntamente com o pianista Vasco Dantas.

É no palco, com o seu violoncelo, que esta artista encontra a sua verdadeira essência. A qualidade da sua interpretação é incontestável e comprovada pelos elogios que tem recebido da crítica:

“O violoncelo de Isabel Vaz canta realmente, com uma nobre musicalidade e bravura técnica.” Zdenka Weber, in Klasika.ch, 2018

“O andamento lento da sonata para violoncelo de Frédéric Chopin, o primeiro andamento da sonata em Lá maior de César Franck e uma peça de fantasia de Robert Schumann foram obras mais simples e contidas, melodicamente expansivas, a que Isabel Vaz deu vida com um tom radiante, em harmoniosa parceria com Vasco Dantas ao piano.” Pedro Obiera

Natural de Lisboa, Isabel iniciou os seus estudos musicais aos sete anos na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, e completou a sua licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa e o mestrado no Conservatório de Amesterdão. O seu trajeto académico incluiu ainda períodos enriquecedores na HAMU, em Praga, na Manhattan School of Music, em Nova Iorque, e na Hochschule für Musik, Theater und Medien, em Hannover.

Ao longo deste percurso, foi distinguida em vários concursos nacionais e internacionais, a solo e em música de câmara, entre os quais o Prémio especial discográfico no Concurso de Música de Câmara Salieri Zinetti em 2015 e o 1º prémio no Concurso de Interpretação do Estoril em 2016.

Nesta entrevista, conduzida por Joana Patacas (JP), convidamo-lo a conhecer a alma por detrás do violoncelo, e a jornada de uma artista cuja vida é um testemunho de amor à música e de uma determinação sem limites.

JP: Como foi o processo de descobrir seu amor pela música e em particular pelo violoncelo? 

Isabel: Faço parte de uma família ligada às artes; o meu pai, Isolino Vaz, era artista plástico, e a família da minha mãe esteve sempre ligada à música, ainda que não de forma profissional. Cresci rodeada de música e atividades ligadas às artes plásticas. Aos quatro anos, ingressei na Fundação Musical dos Amigos das Crianças (FMAC), e foi assim que o gosto da música se foi desenvolvendo. No entanto, foi por volta dos nove ou dez anos, com a possibilidade de fazer parte de pequenos ensembles – quer orquestra, quer música de câmara –, que descobri o gosto que nutro, atualmente, pela música de câmara. 

JP: Quem foram as figuras mais influentes na sua jornada musical? 

Isabel: O meu pai foi sempre a influência mais direta; no entanto, foi a minha mãe que me fez crescer ao som de ópera e bailado. Também frequentava concertos sinfónicos e de música de câmara. Os espetáculos que mais me marcaram quando era pequena foram um recital do Yo-Yo Ma e uma atuação de dança moderna com Mikhail Baryshnikov, fundador do White Oak Dance Project. 

JP: Quais foram os obstáculos mais significativos que enfrentou no início da sua carreira artística e como os superou? 

Isabel: O período de estudos e os primeiros dois anos após a sua conclusão foram os mais difíceis. A fase inicial da vida profissional, a busca pela minha identidade artística e a afirmação num contexto que ainda não considerava o meu, revelou-se a fase mais complicada. Contudo, com resiliência e amor à música, fui trilhando um caminho que se percorre diariamente, com disciplina e estabelecendo objetivos que me moviam, sempre de acordo com valores com que cresci. 

JP: Pode falar-nos sobre os primeiros reconhecimentos que teve no mundo artístico e como eles influenciaram a sua trajetória? 

Isabel: Não consigo destacar uma única conquista. Singrar no mundo artístico é um caminho feito de inúmeros eventos. Se tivesse de escolher uma, diria que o 1º Prémio do Concurso do Estoril contribuiu para que eu tivesse uma série de oportunidades de tocar a solo com orquestras, tanto em Portugal como no estrangeiro, e estabelecer contactos importantíssimos para o resto da minha vida. 

JP: Existe algum momento ou projeto na sua carreira que lhe traga um orgulho especial? 

Isabel: A criação do Algarve Music Series, do qual sou diretora artística em juntamente com o meu colega de duo, o pianista Vasco Dantas. O Algarve Music Series é um ciclo de concertos na sua essência de música de câmara, mas também tem uma natureza multidisciplinar, que abrange diversos estilos musicais. Normalmente, decorre em Faro, Loulé e Tavira, estando a sua nona edição prevista para outubro de 2024. Este projeto é muito importante para mim porque foi com ele que me estreei enquanto programadora e criadora. Desafio-me a repensar a minha forma de estar tanto em palco como fora dele, e tem sido uma fonte de enorme aprendizagem, tanto a nível profissional como pessoal. 

JP: Além da música, quais são suas paixões e como é que elas enriquecem a sua vida? 

Isabel: Adoro fazer desporto, viajar, ler e estar com os meus gatos. 

JP: Quais são os seus objetivos e sonhos para o futuro? 

Isabel: Quero continuar a fazer o que estou a fazer, mas sempre com o objetivo de melhorar e incorporar novos conhecimentos que me permitam atuar a nível cada vez mais elevado.

Joana Patacas - Assessoria de Comunicação e de Conteúdos

Quer saber mais? Veja e ouça abaixo uma das suas belas apresentações: 

Próximos concertos: 

4 março - Manteigas | Centro Cívico
Homenagem ao artista plástico Isolino Vaz   

Países Baixos | Quarteto de violoncelos NNO

17 de Março em Oudeschans

14 de Abril em Haren

9 de junho em Klassiek in ‘t Veen

27 abril - Sezim | Sezim Music Series

7 junho - Quarteira, Igreja de São Pedro do Mar | Algarve Music Series
Recital com Vasco Dantas

25 junho - Belgrado, Sérvia | Artlink
Recital com Vasco Dantas

6 julho - Baarn, Países Baixos | Mirantibus Kamermuziek
Octeto de Schubert

21 julho - Císter| Cistermúsica Sacra
Música de Câmara - Chausson e Fauré

13 e 14 setembro - Avis | Avis Music Series
Música de Câmara

27 setembro a 21 outubro - Algarve Music Series

Poderá encontrar mais informações sobre Isabel Vaz em:

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