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Para além das três operas que serão apresentadas, o festival contará com uma Gala de Ópera. O tema da Gala, como esperado, girará em torno das grandes personagens femininas da ópera.


  • Data:16-09-2023 09:00 PM
  • Localização N114 6, Gaeiras, Portugal (Mapa)
  • Mais informações:O Festival de Ópera de Óbidos será apresentado na Quinta das Janelas.

Descrição

Gala de Ópera

Mulheres: Da Paixão à Inocência – uma Dança com o Destino

Récitas
16 de setembro · 21h00

Programa
Carmen, de Georges Bizet
Abertura
Habanera "Quand je vous aimerai?… L'amour est un oiseau rebelle"
Ária "Votre toast"
Ária "La fleur que tu m'avais jetée"
Canção e Dança Cigana "Les tringles des sistres tintaient"
Coro de Crianças "Avec la garde montante"
Dueto Final entre Don José e Carmen "C'est toi! C'est moi!…"

· · · Intervalo · · ·

La Traviatta, de Giuseppe Verdi
Prelúdio do I Ato
Ária e Cabaletta "Lunge da Lei… Dei miei bollenti spiriti… O mio rimorso!"
Cena Germont, Violetta:
“Madamigella Valéry?…”
“Pura siccome un angelo…”
“Bella voi siete”
“Dite alla giovine…”
“Morrò! La mia memoria”

Ária "Di Provenza il mar, il suol… Ne rispondi…"

· · · Intervalo · · ·

Eugen Oneguin, de Piotr Ilich Tchaikovsky
Polonaise

O Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn
Canção com Coro

Cavalleria Rusticana, Pietro Mascagni
Intermezzo

Werther, Jules Massenet
Ária “Va ! Laisse couler mes larmes”

Rigoletto, de Giuseppe Verdi
Ária “La donna è mobile”
Quarteto “Un di, se ben rammentorni… Bella figlia dell'amore”

La Traviatta, de Giuseppe Verdi
Brindisi “Libiamo, ne'lieti calici”

Elenco
Carla Caramujo, soprano (Violetta e Gilda)
Cátia Moreso, meio-soprano (Carmen)
Ashley Chui, meio-soprano (Charlotte, Maddalena)
Luís Gomes, tenor (Don José, Alfredo e Duque)
Luís Rodrigues, barítono (Escamillo, Giorgio Germont e Rigoletto)

Coros do Festival de Ópera de Óbidos
Filipa Palhares, direção do coro

Orquestra Filarmónica Portuguesa
Bruno Borralhinho, direção musical
Osvaldo Ferreira, direção artística da OFP


SINOPSE


Esta gala foi pensada para oferecer uma perspetiva sobre as personagens femininas de três grandes óperas — Carmen de Bizet, La Traviata de Verdi e Rigoletto, também de Verdi. Logo no início perceberemos os contrastes entre Carmen e Violetta e como ambas, apesar das suas diferenças, emergem como mulheres independentes e senhoras do seu próprio destino.

Iniciamos a viagem com Carmen, uma mulher livre que desdenha as convenções sociais. Uma figura de paixão e independência, Carmen traz toda uma nova abordagem ao feminino na ópera, desafiando os limites da expressão do desejo da mulher. Com ela, temos Don José, o soldado que se apaixona por Carmen, e Escamillo, o toreador que desperta o amor de Carmen. Ambos retratam diferentes faces da interação com o feminino — o desejo de posse e o respeito pela liberdade e individualidade.

Aparece depois Violetta de La Traviata, uma mulher condicionada socialmente, mas que, no fim de contas, como Carmen, é dona do seu destino. No dueto com Germont no 2º Ato, presenciamos a manipulação de Germont ao usar o casamento da sua filha, irmã de Alfredo, para evidenciar o preconceito social da relação deste com Violetta, refletindo as restrições e preconceitos que as mulheres enfrentavam naquela época. Mesmo assim, a escolha sacrificial de Violetta sublinha a sua autonomia, mesmo perante a adversidade. Alfredo, neste ato, ora consumido pelo amor, ora pelo orgulho, pois não aceita ser sustentado por uma mulher (uma total inversão dos valores da época), ora cego de ciúmes e, mais tarde, remorsos.

Na última parte, Rigoletto de Verdi apresenta-nos Gilda, à primeira vista uma jovem inocente usada pelo Duque, mas que pode ser vista também como vítima dos seus próprios impulsos e desejos de adolescente, escolhendo mesmo assim tomar o destino nas suas mãos ao sacrificar-se por aquele que ama. Maddalena, a irmã do assassino Sparafucile, também surge como um retrato de manipulação e jogo de poder que as mulheres de baixa condição social tinham que enfrentar. Aqui vamos ouvir célebre ária "La donna è mobile", que pode ser traduzida como "A mulher é volúvel", um hino à visão do Duque das mulheres como seres inconstantes e caprichosos, que não podem ser levados a sério e que existem apenas para o seu prazer. Este é o coração da sua personalidade predatória que sobressai ainda mais no quarteto "Bella figlia dell'amore", ou "Bela filha do amor”. Manipulador, ele seduz Maddalena enquanto Gilda observa toda a cena pela janela, perante o desespero do seu pai, Rigoletto, que, apesar de cúmplice do Duque, se torna também vítima quando o alvo passa a ser a sua filha.

A gala inclui ainda a referência a outra ópera que conta com mais uma grande personagem do panteão feminino da Ópera. É Eugen Onegin de Tchaikovsky, da qual ouviremos a exuberante Polonaise. Nesta ópera, Tatiana, jovem e ingénua, ao ser rejeitada por Onegin, revela força e determinação, assumindo o controle do seu próprio destino ao rejeitar a posterior proposta de casamento de Onegin, apesar do seu amor persistente.

Por fim temos ainda espaço para a idílica Canção com Coro do Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn, para a peça de William Shakespeare, o inspirado Intermezzo da Cavalleria Rusticana de Mascagni e o brinde de La Traviata, uma celebração da ópera e uma homenagem à força e resiliência das mulheres que moldam estas histórias, apresentando um mosaico de personagens femininas cujos enredos se interligam para retratar o feminino em toda a sua diversidade.


SOBRE O FESTIVAL


Ressurgimento do FOO

O Festival de Ópera de Óbidos, que marcou toda uma geração de profissionais e melómanos, esteve inativo nos últimos anos. A ABA - Banda de Alcobaça, Associação de Artes, na sua candidatura ao Apoio Sustentado da Direção Geral das Artes para o período 2023–2026, afirmou como um dos seus objetivos o ressurgimento deste festival, estabelecendo para o efeito uma parceria estratégica com o Município de Óbidos. Com esta parceria, pretende-se dar uma nova vida ao Festival de Ópera de Óbidos dotando-o de condições para que possa ambicionar um futuro sustentável e com capacidade de crescimento, contribuindo para colocar Portugal no circuito global de ópera.

Relevância

O Festival de Ópera de Óbidos pretende posicionar Portugal no circuito global da ópera através de parcerias estratégicas nacionais e internacionais e da participação de artistas de renome. Temos a ambição de transformar Óbidos num laboratório de ideias criativas nos campos da encenação, interpretação musical e ligação aos públicos, bem como um espaço para a descoberta e afirmação de talentos, dotando este Festival de uma ambição internacional que se deve projetar no Futuro do mesmo, fazendo de Portugal um centro de produção e circulação de ópera com alcance global, atraindo um público internacional e impulsionando o turismo cultural, deixando uma marca indelével no panorama operístico.

As atividades do Festival estendem-se desde Agosto, ainda em Lisboa e no Porto, onde decorrerão ensaios e os trabalhos de preparação das óperas, até meados de Setembro, altura em que serão apresentados os espetáculos.

A Quinta das Janelas

O espaço escolhido para acolher as atividades do Festival de Ópera de Óbidos é a Quinta das Janelas. Situada em Vale das Flores e a poucos metros do Convento de São Miguel, a sua construção remonta aos princípios do século XVI, incorpora a antiga Quinta das Flores (onde a Rainha D. Leonor ficava quando se deslocava às Caldas). Um local mágico e cheio de história que inclui um Palacete do século XVI, um conjunto de lagares, adegas, um picadeiro e um chafariz. Nesta quinta podemos ainda ver a Capela da Nossa Sra. do Desterro e uma nascente de águas sulfurosas (antigamente denominadas Caldas das Gaeyras) as quais são aproveitadas numa casa simples, coberta com uma abóbada, tendo no seu interior um tanque.


COMO CHEGAR


Plus Code: 9VC5+HGR Gaeiras
GPS: 39.371495, -9.141227

Desde a A8 – Autoestrada do Oeste
Na A8 sair na saída n.º17 (no sentido Sul–Norte indicação “N8 / Caldas da Rainha Sul / Gaeiras” e no sentido Norte–Sul indicação “N8 / Óbidos / Gaeiras). Seguir pela N8 / N114 na direção Óbidos / Gaeiras e, na rotunda do “Recheio - Cash and Carry” sair na 3ª saída na direção “Óbidos”. Cerca de 350 metros após a rotunda encontrará a indicação para a entrada do festival à sua esquerda.

Desde Óbidos
Tomando como ponto de partida a Estátua da Mão, na Praça da Criatividade, desça até à rotunda, deixando para trás as muralhas de Óbidos. Saia na 2ª saída (N8 / Caldas da Rainha) e siga pela N8 / N114 cerca de 2 quilómetros. Irá passar pelo Santuário do Senhor da Pedra, pela localidade de Caxinas, em Casal do Zambujeiro encontrará a indicação para a entrada do festival à sua direita.


BILHETEIRAS


Os bilhetes para o Festival de Ópera de Óbidos estarão disponíveis em blueticket.meo.pt e em dois postos de venda físicos: no Posto de Turismo de Óbidos (todos os dias) e na Quinta das Janelas (apenas nos dias dos espetáculos).

O Posto de Turismo de Óbidos encontra-se junto ao Parque de Estacionamento principal, na zona extra-muros, a cerca de 200 metros da entrada da vila de Óbidos.

Para mais informações sobre Óbidos e sobre o Festival, poderá visitar o website oficial do municípios de Óbidos.


Sobre os autores


Da Música

Georges Bizet

(1838-1875)

Foi um brilhante compositor francês do século XIX, conhecido pela sua habilidade em conjugar dramatismo teatral com lirismo melódico. Entre as suas várias obras, a ópera "Carmen" é sem dúvida a mais famosa e a que marcou mais profundamente o repertório operático.

Bizet nasceu em Paris numa família de músicos. Desde cedo mostrou um talento prodigioso, tendo sido admitido no Conservatório de Paris com apenas nove anos de idade. A sua carreira foi marcada por várias vitórias em concursos de composição e pela criação de uma série de obras que, embora não tenham tido o mesmo sucesso de "Carmen", contribuíram para consolidar a sua reputação.

"Carmen" estreou em 1875 e é baseada numa novela homónima de Prosper Mérimée. A história da cigana sedutora Carmen, do soldado Don José que se apaixona por ela, e do toureiro Escamillo, proporcionou a Bizet a oportunidade de explorar temas de paixão, ciúme e liberdade. A ópera é notável pela riqueza das suas melodias, a vivacidade dos seus ritmos e a profundidade psicológica das suas personagens. No entanto, a sua estreia foi controversa, com o público e os críticos divididos sobre a ousadia da sua abordagem. Infelizmente, Bizet morreu apenas três meses após a estreia, sem ver o enorme sucesso que "Carmen" viria a alcançar.

No que toca à sua vida pessoal, Bizet casou-se com Geneviève Halévy em 1869, e o casal teve um filho. Embora o casamento tenha sido inicialmente feliz, a instabilidade mental de Geneviève e as tensões familiares causaram dificuldades.

A contribuição de Bizet para a ópera é significativa. Poderíamos mencionar "Os Pescadores de Pérolas", "Ivan IV" ou mesmo "La Jolie Fille de Perth", no entanto é por "Carmen" que Bizet é sobretudo recordado.  "Carmen" é uma obra revolucionária que quebrou muitas das convenções operáticas da época. A sua fusão de drama e música, o seu retrato realista e humanizado das personagens, e a sua ousada exploração dos temas da paixão e da liberdade ajudaram a definir a ópera como a conhecemos hoje. A sua música continua a cativar as audiências, e "Carmen" é uma das óperas mais frequentemente encenadas em todo o mundo.

Bizet deixou um legado duradouro e influente. O seu talento para criar música rica e emocionalmente ressonante, juntamente com a sua habilidade em retratar personagens profundas e complexas, fez dele um dos grandes mestres da ópera.

Giuseppe Verdi

(1813-1901)

É uma das figuras mais emblemáticas da ópera italiana do século XIX, conhecido pelas suas melodias arrebatadoras, envolventes e emocionais. Entre a vasta lista de obras que criou, "La Traviata" e "Rigoletto" ocupam lugares de destaque.

Nascido numa família humilde em Le Roncole, Itália, Verdi demonstrou uma aptidão notável para a música desde cedo. A sua carreira estendeu-se por mais de 50 anos, durante os quais criou uma série de óperas que se tornaram marcos do repertório operático. A sua música é marcada por um profundo entendimento das emoções humanas e uma capacidade notável para expressar estas emoções de forma sonora.

"La Traviata", estreada em 1853, é uma das óperas mais amadas e frequentemente encenadas de Verdi. A história de amor trágico entre a cortesã Violetta e o nobre Alfredo capturou o coração do público desde a sua estreia. "Rigoletto", por outro lado, estreada em 1851, é uma ópera intensa e dramática que narra a história de um bobo da corte e da sua filha inocente. Ambas as óperas são marcadas por personagens complexos, enredos envolventes e música que combina beleza melódica e intensidade dramática.

Quanto à sua vida pessoal, Verdi casou-se duas vezes. A sua primeira esposa, Margherita Barezzi, morreu jovem, assim como os seus dois filhos, o que mergulhou o compositor numa profunda depressão. Anos mais tarde, encontrou conforto nos braços de Giuseppina Strepponi, uma cantora de ópera, com quem se casou e passou o resto da sua vida.

Verdi desempenhou um papel crucial na história da ópera. A capacidade de Verdi em põe a música ao serviço do drama, para criar personagens multidimensionais e para expressar emoções profundamente humanas, fizeram dele um dos grandes inovadores da ópera. A sua influência estendeu-se bem para além da sua morte, e as suas óperas continuam a ser encenadas em todo o mundo.

A contribuição de Verdi para a ópera é imensa. A sua música dramática, caracterizada pela expressividade melódica e pela orquestração rica, ajudou a moldar a forma como a ópera é composta e interpretada. Com "La Traviata" e "Rigoletto", mas também "Nabucco", "Ernani", "Attila", "Macbeth", "Il Trovatore", "As Vésperas Sicilianas", "Simon Boccanegra", "Um Baile de Máscaras", "A Força do Destino", "Don Carlos", "Aida", "Ottelo" e "Falstaff", apenas para mencionar as mais importantes, Verdi abordou a humanidade, deixando um legado de histórias apaixonadas, melodias arrebatadoras e personagens profundamente humanas que continuam a emocionar as audiências em todo o mundo.

Piotr Ilich Tchaikovsky

(1840-1893)

Foi um dos maiores compositores russos do século XIX e é mundialmente conhecido pelas suas composições melódicas e emocionalmente expressivas. Entre as suas numerosas obras, a ópera "Eugen Oneguin" destaca-se como uma das mais significativas.

Nascido numa família de classe média na cidade de Votkinsk, na Rússia, Tchaikovsky mostrou uma predileção pela música desde tenra idade. Apesar de ter inicialmente seguido uma carreira no serviço civil, a paixão pela música levou-o a estudar no Conservatório de São Petersburgo, lançando as bases para a sua futura carreira como compositor.

"Eugen Oneguin", estreada em 1879, é uma ópera lírica em três atos, baseada no romance em verso de Alexander Pushkin. Esta obra retrata a história de amor frustrada entre Tatiana e Oneguin, uma história que impactou bastante o compositor, talvez por ter visto nela muito dos seus próprios dramas. Isso deu-lhe a possibilidade de explorar uma grande variedade de emoções humanas através desta música, caracterizada por um profundo lirismo.

Na sua vida pessoal, Tchaikovsky passou por períodos de grande turbulência emocional, muito devido à sua orientação sexual, que o levou a viver grande parte da sua vida em reclusão. Casou-se com Antonina Miliukova em 1877, numa tentativa de reprimir a sua homossexualidade, mas a união foi infeliz e curta. A sua relação mais significativa foi, provavelmente, com a sua benfeitora, Nadezhda von Meck, com quem manteve uma longa correspondência, mas nunca chegou a encontrar pessoalmente.

No que diz respeito à sua contribuição para a ópera, Tchaikovsky conseguiu combinar o drama teatral da tradição ocidental com a tradição russa. A sua habilidade para traduzir as emoções humanas em música é evidente em obras como "Eugen Onegin", onde conseguiu captar com precisão as nuances emocionais da narrativa. A sua música é marcada por uma profunda expressividade e uma emoção arrebatadora que continua a ressoar no público até aos dias de hoje.

O legado de Tchaikovsky é imenso, não apenas no campo da ópera, mas também em géneros como a sinfonia, o concerto e o ballet. As suas composições são reconhecidas pela sua profundidade emocional, melodia expressiva e domínio orquestral, e permanecem como pilares do repertório clássico. "Eugen Onegin", com a sua fusão de lirismo, drama e riqueza melódica, é um exemplo maravilhoso da sua genialidade e visão artística.

Felix Mendelssohn

(1809-1847)

Mendelssohn komplett durchleuchtet – ein wenig zuviel des Guten ...

Um dos mais prolíficos e influentes compositores alemães do século XIX, conhecido pelo seu domínio melódico e pela sua capacidade de evocar imagens através da música. Entre as suas inúmeras composições, a música incidental para "Um Sonho de uma Noite de Verão" de Shakespeare destaca-se como uma das suas obras mais celebradas.

Nascido numa família de judeus convertidos ao cristianismo em Hamburgo, Alemanha, Mendelssohn mostrou uma inclinação para a música desde muito jovem. Foi educado em casa e teve a oportunidade de interagir com muitos dos grandes intelectuais e artistas da época, uma experiência que influenciou profundamente a sua própria abordagem à música.

"Um Sonho de uma Noite de Verão" é um exemplo brilhante do talento de Mendelssohn para combinar a música com o teatro. Uma peça de fantasia, cheia de fadas e personagens míticos, na qual Mendelssohn conseguiu captar perfeitamente a atmosfera encantadora e lúdica na sua música. A abertura e a famosa "Marcha Nupcial" a par dos Coros das Fadas são particularmente conhecidas pela sua melodia cativante e pelo seu retrato vívido da alegria e do encanto da obra de Shakespeare.

A vida de Mendelssohn é marcada por duas mulheres muito presentes, desde logo a sua irmã. A relação de Mendelssohn com a sua irmã, Fanny Mendelssohn, foi de particular importância na sua vida e na sua carreira musical. Fanny foi ela própria uma compositora talentosa e pianista, embora as convenções sociais da época lhe tenham impedido de prosseguir uma carreira musical pública. Apesar disso, ela e Felix mantiveram uma relação musical muito próxima, trocando ideias e criticando o trabalho um do outro. Mendelssohn valorizava muito o conselho musical de Fanny, e a sua morte prematura em 1847 foi um golpe devastador para o compositor, que morreria apenas alguns meses depois. A profunda ligação entre os irmãos Mendelssohn é um testemunho da força da música como uma força unificadora e inspiradora. A outra mulher sempre presente foi Cécile Jeanrenaud, com quem se casou em 1837 e teve cinco filhos. O seu casamento foi, pelos relatos, muito feliz, e Cécile foi uma grande fonte de apoio e inspiração para o compositor ao longo da sua carreira.

O legado de Mendelssohn continua a ser sentido hoje, com as suas obras a serem frequentemente executadas e apreciadas por público em todo o mundo. A sua habilidade para evocar imagens e emoções através da música, bem como o seu domínio das formas e técnicas musicais, fazem dele um dos grandes compositores do período romântico.

Pietro Mascagni

(1863-1945)

Music: the "lost song" by Pietro Mascagni become a Cd

Compositor italiano que se destacou durante o final do século XIX e início do século XX, conhecido principalmente pela sua ópera "Cavalleria Rusticana". Mascagni foi um dos principais representantes do verismo, um movimento que procurava retratar a vida real, particularmente das classes mais baixas, de forma crua e autêntica.

"Cavalleria Rusticana", estreada em 1890, é frequentemente vista como a primeira ópera verdadeiramente verista. A obra, baseada num conto de Giovanni Verga, centra- se na vida e nos amores tumultuosos dos habitantes de uma aldeia siciliana. A música de Mascagni capta perfeitamente a crueza emocional e a intensidade do enredo, com momentos de alegria radiante contrastando com desespero doloroso.

O realismo de "Cavalleria Rusticana" foi certamente influenciado por óperas anteriores, como "La Traviata" de Verdi e, sobretudo, "Carmen" de Bizet. Ambas as obras, embora não sejam veristas no sentido estrito, contêm elementos de realismo e exploram temas de amor e perda de maneira profundamente emotiva. A influência dessas óperas é evidente na abordagem de Mascagni no que diz respeito à composição, que busca capturar a realidade das emoções, da paixão e do sofrimento de forma vívida e sem embelezamentos.

Na sua vida pessoal, Mascagni casou-se com Lina Carbognani em 1889 e tiveram dois filhos. O casamento, no entanto, foi tumultuado, marcado por vários casos extraconjugais da parte de Mascagni. Apesar das dificuldades pessoais, Mascagni continuou a compor e a sua música manteve-se em alta estima.

Mascagni teve um impacto significativo no desenvolvimento da ópera. Com "Cavalleria Rusticana", ele ajudou a definir o estilo verista, influenciando uma geração de compositores italianos, incluindo Puccini. A sua música, com a sua crueza emocional e a sua descrição realista da vida rural italiana, trouxe um novo nível de realismo e intensidade ao género operístico. Ainda hoje, a "Cavalleria Rusticana" é encenada em todo o mundo, continuando a emocionar o público com a sua música poderosa e a sua narrativa visceralmente realista.


Das Letras

Henri Meilhac

(1830-1897)

Dramaturgo e libretista francês que deixou uma marca indelével no mundo da ópera. O seu trabalho mais notável foi, sem dúvida, o libreto para a ópera "Carmen", de Georges Bizet, que co-escreveu com Ludovic Halévy.

"Carmen", uma das óperas mais famosas e frequentemente apresentadas do repertório, é uma história de paixão e traição que culmina numa trágica morte. A ópera é conhecida pela sua música vívida e evocativa, mas é igualmente notável pelo libreto de Meilhac e Halévy. O texto é rico em personagens bem desenvolvidos e num drama intenso e cativante, que, juntamente com a música de Bizet, faz de "Carmen" uma obra-prima da ópera.

Além de "Carmen", Meilhac também trabalhou com Halévy em outras óperas, incluindo "La Belle Hélène", "Barbe-Bleue" e "La Vie Parisienne", todas musicadas por Jacques Offenbach. Estas obras também são exemplos notáveis da contribuição de Meilhac para a ópera, cada uma com a sua própria mistura de comédia, romance e comentário social agudo.

No que respeita à vida pessoal de Meilhac, sabe-se que era um homem de grande intelecto e encanto, com um aguçado sentido de humor. No entanto, os detalhes da sua vida amorosa são escassos, pois Meilhac era conhecido pela sua discrição em relação à sua vida privada.

No âmbito da ópera, Meilhac desempenhou um papel importante no desenvolvimento do género da opéra bouffe, uma forma de ópera francesa caracterizada pelo seu humor e sátira afiados. A sua habilidade para criar diálogos espirituosos e situações cómicas, juntamente com a sua perspicácia para retratar a sociedade francesa da época, fazem dele uma figura central na história da ópera. Os libretos de Meilhac, com os seus personagens vibrantes e enredos interessantes, continuam a ser uma parte vital do repertório operático até hoje.

Ludovic Halévy

(1834-1908)

Escritor e libretista francês que desempenhou um papel fundamental na história da ópera. Uma das suas mais memoráveis contribuições para o mundo da ópera foi a co- escrita, com Henri Meilhac, do libreto para "Carmen", uma das obras mais encenadas do repertório operístico, musicada por Georges Bizet

Além de "Carmen", Halévy colaborou com Meilhac na escrita de vários outros libretos para Jacques Offenbach, incluindo "La Belle Hélène", "Barbe-Bleue" e "La Grande- Duchesse de Gérolstein". Estas obras destacam-se não só pela sua música cativante, mas também pelo humor mordaz e pelas observações sociais afiadas presentes nos libretos de Halévy e Meilhac.

No que respeita à vida pessoal de Halévy, ele era um homem de grande cultura e erudição, conhecido pelo seu bom humor e cordialidade. Embora tenha mantido a sua vida privada fora do escrutínio público, sabe-se que foi casado com Lucie, com quem teve cinco filhos.

A contribuição de Halévy para a ópera é notável. Os seus libretos, muitas vezes escritos em parceria com Meilhac, são marcados pela sua sagacidade, humor e atenção ao detalhe dos personagens. A sua influência na ópera cómica francesa, particularmente através das suas colaborações com Offenbach, continua a ser sentida no mundo da ópera até hoje. As suas obras, ricas em humor e humanidade, são um testemunho duradouro da sua habilidade e talento.

Prosper Mérimée

(1803-1870)

Foi um escritor, historiador e arqueólogo francês cuja obra teve um grande impacto na literatura e, por extensão, na ópera. A sua novela "Carmen", publicada em 1845, é sem dúvida a sua obra mais conhecida e influente, sendo a base para a famosa ópera de Georges Bizet.

"Carmen" de Prosper Mérimée, é notavelmente influenciada pelas experiências de vida do autor, embora não seja estritamente autobiográfica. Mérimée era conhecido por seu interesse profundo na cultura e tradições espanholas, que ele explorou em várias das suas obras. A sua paixão pela Espanha tornar-se contudo bastante mais evidente em "Carmen", que se passa na Andaluzia e é impregnada de detalhes culturais e históricos. Durante sua vida, Mérimée viajou extensivamente pela Espanha, e as suas experiências diretas naquele país ajudaram a moldar a configuração realista e os personagens de "Carmen".

Quanto ao enredo de "Carmen" e o seu possível fundo autobiográfico, Mérimée apresenta-se como um narrador na novela, que se depara com as figuras principais, Carmen e Don José, durante as suas viagens pela Espanha. Embora a história de amor trágico entre Carmen e Don José seja totalmente fictícia, é possível que Mérimée se tenha inspirado em pessoas que encontrou ou histórias que ouviu durante essas viagens.

Há quem diga que a personagem de Carmen se inspira igualmente em La Mogador, pseudónimo de Céleste Mogador, uma famosa dançarina e cortesã do século XIX em Paris, com quem Merimée alimentou uma relação durante algum tempo. Nascida Céleste Venard e mais tarde conhecida como a condessa Lionel de Chabrillan após o seu casamento, La Mogador era famosa pela sua independência e ousadia, características que estão presentes na personagem Carmen, de Mérimée. Embora seja algo especulativo dizer que Carmen foi baseada diretamente em La Mogador, é muito provável que Mérimée se tenha inspirado nessa relação em particular, a ponto da dançarina e cortesã francesa ter popularizado uma dança que ficou conhecida precisamente como "La Mogador", dança que não será indiferente às tantas que são retratadas em "Carmen".

Mérimée era conhecido como um homem de grande cultura e intelecto, com um profundo interesse pela história e pela arqueologia. Quanto à sua vida pessoal, embora nunca se tenha casado, procurou sempre mulheres fortes e de caracter, sendo a sua relação mais longa e marcante a que teve com a escritora George Sand.

Apesar de ser sobretudo conhecido por "Carmen", Mérimée escreveu várias outras obras literárias notáveis, incluindo "Colomba" e "Mateo Falcone". No entanto, nenhuma dessas outras obras teve a mesma influência na ópera que "Carmen". Contudo, mesmo não tendo escrito libretos de ópera, basta "Carmen" para considerarmos a enorme contribuição de Mérimée para o género.

Francesco Maria Piave

(1810-1876)

Libretista italiano que se distinguiu por colaborar em muitas das óperas de Giuseppe Verdi. A sua vida e o seu trabalho deixaram uma marca indelével na história da ópera, tanto na Itália como internacionalmente.

Nascido em Murano, Veneza, Piave começou a sua carreira como escritor e poeta. Rapidamente se tornou reconhecido no cenário artístico e em 1842, iniciou uma colaboração com Verdi que viria a mudar o curso da sua vida. Juntos, criaram algumas das mais importantes óperas do século XIX.

A ópera "La Traviata" é talvez a obra mais conhecida de Piave. A ópera, que estreou em 1853, conta a história da cortesã Violetta, que se sacrifica pelo amor do jovem Alfredo. Piave foi elogiado pela forma como retratou o drama humano e a tragédia da personagem principal. Esta ópera ainda hoje é considerada uma das melhores e mais frequentemente encenadas de todos os tempos.

Outra ópera em que Piave se distinguiu foi "Rigoletto", uma história de amor, traição e vingança. Com a sua escrita penetrante e emotiva, Piave criou um libreto que realçou a tensão dramática da música de Verdi.

A parceria de Piave com Verdi incluiu também outras importantes óperas como "Ernani", "Attila", "Macbeth" e "Simon Boccanegra".

Em relação à sua vida pessoal, Piave foi uma figura respeitada na sociedade artística italiana. Casado com Teresa Manfredi, ele era conhecido por ser um homem dedicado à família. No entanto, a sua vida não foi isenta de desafios. Em 1867, Piave sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou incapaz de falar e paralisado. Apesar da sua condição, Piave continuou a trabalhar até ao final da sua vida, demonstrando a sua dedicação inabalável à arte da ópera.

Piave contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento da ópera, não apenas através da sua colaboração com Verdi, mas também através da sua abordagem inovadora para a escrita do libreto. Ao focar-se no drama humano e nas emoções, ele ajudou a moldar a ópera italiana em uma forma de arte que continuou a florescer muito depois da sua morte.

Em suma, Francesco Maria Piave foi uma figura central no mundo da ópera do século XIX. A sua escrita, cheia de paixão e emoção, continua a ressoar nos palcos de todo o mundo, e a sua influência perdura na forma como a ópera é composta e apreciada hoje.

Alexandre Dumas Filho

(1824-1895)

Filho do também famoso escritor Alexandre Dumas, foi um dos mais notáveis autores franceses do século XIX, ganhando destaque particularmente no universo do drama e do romance. O seu romance mais célebre, "A Dama das Camélias", publicado em 1848, não só consolidou o seu lugar na literatura, como teve um impacto duradouro no mundo da ópera.

"A Dama das Camélias" conta a história de Marguerite Gautier, uma cortesã parisiense, cuja personagem se inspirou em Marie Duplessis, uma cortesã real com quem Dumas Filho teve um breve relacionamento amoroso. A beleza e o encanto de Marie cativaram muitos homens influentes da época, mas foi a sua luta contra a tuberculose, que a levou prematuramente, que mais profundamente marcou Dumas. Transfigurada no papel de Marguerite Gautier, ela torna-se uma figura romântica e trágica, que escolhe um amor verdadeiro em detrimento da riqueza, mas é arrancada deste amor pela doença mortal.

É precisamente esta mistura de amor, sacrifício e tragédia que inspirou Giuseppe Verdi e Francesco Maria Piave a escreverem a ópera "La Traviata" em 1853, com a personagem de Violetta Valéry a ser baseada em Marguerite Gautier. "La Traviata" é hoje uma das óperas mais representadas em todo o mundo, destacando a profunda influência que Dumas Filho teve na arte lírica.

Além de "La Traviata", a obra de Dumas Filho inspirou várias outras expressões artísticas, dentro e fora do universo da ópera. A sua contribuição para o mundo da música é ampla, com compositores e libretistas a aproveitarem a riqueza e profundidade emocional das suas histórias para criar obras memoráveis. Algumas das óperas inspiradas na sua obra incluem "Camille" de Hamilton Forrest e "La dame aux camélias" de Mario Castelnuovo-Tedesco, além de inúmeros ballets e adaptações cinematográficas.

No seu panorama pessoal, Alexandre Dumas Filho teve uma vida repleta de desafios. Como filho ilegítimo de Alexandre Dumas e uma costureira, ele teve de superar o estigma da ilegitimidade e a ausência do pai durante a sua infância. No entanto, o seu talento para a escrita levou-o a conquistar uma posição de destaque na sociedade parisiense, tornando-se um membro da Academia Francesa.

Ao longo da sua vida, Dumas Filho manteve relações amorosas complexas e tumultuosas, que frequentemente se refletiram na sua obra. A sua história com Marie Duplessis, por exemplo, influenciou profundamente "A Dama das Camélias", criando um retrato tocante e humano do amor e da perda.

Assim, Alexandre Dumas Filho não só deixou um legado literário inestimável, como a sua obra influenciou profundamente o mundo do espetáculo em geral, moldando a maneira como entendemos e representamos as complexidades do amor e da tragédia humana.

Victor Hugo

(1802-1885)

Uma das maiores figuras literárias do século XIX, é conhecido pela sua prolífica produção de poesia, prosa e teatro, que o tornou num dos principais nomes do romantismo francês. A sua obra é marcada pela profunda sensibilidade humana, o apelo à justiça social e a riqueza lírica, características que tiveram um profundo impacto em várias formas de arte, incluindo a ópera.

"Le Roi s'amuse" (O Rei Diverte-se), peça de teatro publicada em 1832, é um exemplo destacado da influência de Hugo na ópera. A peça centra-se na figura de Triboulet, o bobo da corte, num enredo que junta política, paixão e tragédia. Porém, esta obra foi censurada pelo governo francês devido à sua representação crítica da monarquia, sendo retirada do palco após a sua primeira apresentação.

A censura de "Le Roi s'amuse" teve um impacto profundo em Hugo, que passou grande parte da sua vida a lutar pela liberdade de expressão. O seu exílio na ilha de Guernsey, na sequência do golpe de estado de Louis-Napoléon Bonaparte em 1851, apenas reforçou a sua determinação de resistir à opressão política.

Contudo, o valor intrínseco desta história não ficou esquecido. Uma década depois, em 1851, o compositor italiano Giuseppe Verdi transformou "Le Roi s'amuse" em "Rigoletto". Triboulet tornou-se Rigoletto, um bobo da corte atormentado e complexo. A ópera de Verdi tornou-se uma das obras mais representadas em todo o mundo, ilustrando a profundidade e a relevância das histórias de Hugo.

Victor Hugo contribuiu ainda de forma significativa para a música, com várias das suas obras a serem transformadas em cantatas, oratórios e outras composições musicais. Exemplos notáveis incluem a ópera "Esmeralda", de Louise Bertin, baseada no seu romance "Notre-Dame de Paris". Mas a sua influencia não se limita a alguns títulos, obras como a coleção de poemas "Les Orientales" lançaram entre os artistas uma verdadeira moda, incluindo entre os compositores e libertistas, moldando a percepção e a representação do "Oriente" na cultura europeia. O exotismo, a imaginação e a emoção presentes nestes poemas captaram a imaginação de muitos artistas, e contribuíram para a crescente popularidade do romantismo.

No que diz respeito à sua vida pessoal, Hugo viveu uma existência tão rica e tumultuada quanto as personagens das suas obras. Casou-se com Adèle Foucher, com quem teve cinco filhos, mas teve também um longo caso amoroso com Juliette Drouet, que se tornou a sua amante fiel e confidente literária. Estes relacionamentos forneceram a Hugo material para as suas histórias apaixonadas e dramaticamente carregadas.

Em suma, Victor Hugo não só deixou um legado literário inestimável, mas a sua obra teve um impacto significativo na cultura em geral. As suas histórias humanas e emocionantes, aliadas à sua dedicação à liberdade e à justiça, fizeram dele uma influência duradoura na cultura mundial.

Alexander Pushkin

(1799-1837)

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É considerado o maior poeta da Rússia e o fundador da literatura russa moderna. A sua obra abrange uma vasta gama de géneros, incluindo poesia, prosa, drama e contos, mas é talvez mais conhecido pela sua novela em verso, "Eugene Oneguin".

"Eugene Oneguin", publicada pela primeira vez em 1833, é uma obra central na literatura russa e tem tido uma influência duradoura na música e na ópera. A história, que retrata o amor não correspondido de Tatiana Larina por Eugene Onegin, foi transformada em ópera pelo célebre compositor Pyotr Ilyich Tchaikovsky em 1879. A ópera de Tchaikovsky, também intitulada "Eugene Oneguin", é agora uma das mais famosas e regularmente apresentadas óperas russas.

Além de "Eugene Oneguin", a obra de Pushkin tem inspirado muitos outros compositores. A sua peça "Boris Godunov" foi adaptada para a ópera por Modest Mussorgsky, e a sua novela "A Rainha de Espadas" também foi transformada numa ópera de sucesso por Tchaikovsky.

No que respeita à sua vida pessoal, Pushkin teve uma existência tumultuada e muitas vezes controversa. Foi exilado várias vezes pelo seu envolvimento em círculos políticos radicais e pela sua poesia satírica, que desafiava frequentemente a autoridade. Casou- se com Natalia Goncharova, com quem teve quatro filhos, mas a sua vida familiar foi marcada por controvérsias e escândalos, muitas vezes alimentados pelos seus próprios comportamentos impulsivos e infidelidades.

A contribuição de Pushkin para a ópera é considerável. As suas histórias cativantes, ricas em emoção e complexidade humana, fornecem material ideal para o drama lírico. Além disso, a sua habilidade em capturar a essência da experiência russa e a sua influência na linguagem russa tornam as suas obras particularmente apelativas para compositores russos, que procuram expressar a identidade e a alma russas na sua música.

Em suma, Alexander Pushkin deixou um legado duradouro na literatura e na música. Através das suas palavras, ele deu voz a sentimentos universais de amor, perda e angústia, e os ecos dessas emoções continuam a ressoar na ópera e na música em geral.

William Shakespeare

(1564-1616)

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Sem dúvida, um dos mais influentes escritores da história da literatura, cujas peças e poemas foram traduzidos em todas as principais línguas e são interpretados mais frequentemente do que os de qualquer outro dramaturgo. Shakespeare, com a sua capacidade única de criar personagens complexas, enredos cativantes e diálogos inesquecíveis, teve um impacto profundo em diversas formas de arte, incluindo a música e a ópera.

Um exemplo emblemático disso é a peça "Um Sonho de uma Noite de Verão". Esta comédia sobre amor, casamento e a natureza mutável da realidade inspirou inúmeras interpretações musicais. Entre as mais notáveis, está a música de cena escrita por Felix Mendelssohn, que inclui a famosa "Marcha Nupcial". A peça também inspirou a ópera de Benjamin Britten com o mesmo título, bem como uma variedade de outras adaptações musicais.

A obra de Shakespeare tem sido uma fonte constante de inspiração para compositores de ópera ao longo dos séculos. "Otelo" e "Falstaff" de Verdi, "Romeu e Julieta" de Gounod, "Hamlet" de Ambroise Thomas e "A Tempestade" de Thomas Adès são apenas alguns exemplos de óperas baseadas nas suas peças.

Na sua vida pessoal, Shakespeare casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos. No entanto, a natureza exacta do seu relacionamento amoroso tem sido alvo de especulação e debate ao longo dos anos, em grande parte devido ao seu testamento, onde ele deixou à sua esposa apenas a "segunda melhor cama".

Shakespeare contribuiu de forma significativa para a ópera não só através dos enredos e personagens das suas peças, mas também pela sua maestria no uso da linguagem. O seu profundo entendimento das emoções humanas, combinado com a sua habilidade em expressá-las de forma poética, tornou as suas obras particularmente adequadas para adaptação musical. As suas histórias cativantes e personagens multifacetadas têm sido uma fonte inesgotável de inspiração para compositores, proporcionando-lhes uma rica matéria-prima para a sua criatividade musical.

Em resumo, William Shakespeare, através da sua vasta e influente obra literária, desempenhou um papel fundamental na história da ópera e da música. A sua habilidade em captar a essência da condição humana e a beleza intrínseca da sua linguagem continuam a inspirar artistas, compositores e público até hoje.

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